quinta-feira, 25 de outubro de 2007

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Oficina de constução de traca-traca


Foto: Aluízio Augusto

Oficina realizada durante o ciclo de reflexões A criança, o brinquedo e a educação, em 01.04.06, na Associação Pró Educação Vivendo e Aprendendo, com a Cia. Riso Ambulante.

Além do traca-traca, montamos outros brinquedos tradicionais como: corrupio, rói-rói e mané gostoso. Nessas oficinas - com duração entre 3 ou 4 horas - os monitores orientam os participantes (crianças e adultos) na tradição do fazer artesanal do brinquedo popular. São utilizados elementos naturais (agave e breu) e reaproveitáveis (madeira).


Vi, o traca, a primeira vez com uma amiga de infância em Belém/PA, próximo ao bairro da Pedreira, lugar onde Mestre Zezito morou entre os anos 1986/87. E também vi algumas formas de montagem que é onde a brincadeira começa.

São muitas as expressões de felicidade após a construção desse fascinante brinquedo e no endereço www.labrinjo.ufc.br/apostilas/artigos/Traca há um manual de construção (Formato do arquivo: PDF/Adobe Acrobat) disponibilizado pelo professor Marcos Teodorico P. de Almeida.
Se precisarem de algum auxílio com material entre em contato.

Sucesso!!!

Festival de Contadores de História


Festival de Contadores de História


18.10.07 - Quinta-feira - 8h 30min


Auditório da Igreja Bom Jesus dos Migrantes


Quadra 04 Sobradinho


DF

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Perna de pau e educação infantil

Esse artigo foi escrito originalmente para o informativo da Associação Pró-Educação Vivendo e Aprendendo em agosto de 2006 http://www.vivendoeaprendendo.org.br/ . Também reproduzido no site Plenarinho http://www.plenarinho.gov.br/educacao/projetos-pedagogicos/treinamento-de-perna-de-pau-prof-aluizio-augusto .










A proposta do Treinamento de perna de pau & Mitos e Lendas Populares – desenvolvido no 2º bimestre de 2006 no Ciclo IV vespertino – aproximou três universos aparentemente distintos: educação infantil X arte circense X mitos e lendas populares. Desde início do projeto contamos com a participação de crianças, mães/pais e professores reforçando a cooperação e as relações entre os envolvidos. Agora aguardamos a colaboração de todos para o seu desdobramento.
A prática e a valorização da perna de pau como brincadeira e como atividade artística traz inúmeros benefícios para o desenvolvimento motor e psicossocial das crianças. Na perspectiva do nosso trabalho, ela é fundamental na valorização da arte tradicional popular, no resgate de brinquedos acessíveis às populações de baixa renda e, conseqüentemente, na manutenção e valorização de tradições que fazem parte da cultura brasileira. Todos esses aspectos foram explorados pelas crianças no treinamento.

A nossa diversidade de histórias, canções e brincadeiras, assim como outros aspectos da vida social, variam de região para região carregando traços das culturas e povos que formaram as suas populações. A perna de pau, assim como o tambor e o chocalho, antes de ser um brinquedo era utilizada em rituais entre povos africanos, por exemplo. Entre os índios brasileiros Kamairurás foi constatada a existência de seis brinquedos, sete brincadeiras e quatro jogos onde a habilidade manual nas brincadeiras e jogos é característica marcante. Entre esses jogos encontramos a perna de pau, que é chamada My’yta – construída com madeira e tiras de embira, que servem de apoio para os pés - e também é usada para simular a pegada de aves e outros animais. Há escassas referências bibliográficas sobre a inserção da perna de pau no universo cultural brasileiro, tanto entendida como brincadeira infantil quanto como modalidade circense. A relevância da arte circense como parte da cultura corporal justifica sua presença nas aulas. Apesar disso, ainda são poucos os trabalhos que procuram relacionar o circo e a escola. Assim, a arte circense ainda não ocupa seu espaço devido e também não está presente, de maneira significativa, em nossas escolas.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

PELO CIRCO E ARTESANATO TRADICIONAIS Cia. circense de Águas Lindas de Goiás valoriza tradição, apesar das dificuldades


de Bruno Rezende

“Tombei, tombei, tornei tombar/ a brincadeira já vai começar”. Em coro, o palhaço Mangaba e os integrantes da Companhia de Circo Boa Vontade chamam, e o público responde. E assim começam os espetáculos da companhia desde que foi criada, em 2004, como conta José Carlos do Nascimento, que dá vida ao palhaço e é um dos responsáveis pelo circo, situado no município de Águas Lindas de Goiás, a cerca de 40 quilômetros de Brasília. Filho de José André dos Santos, o Mestre Zezito (falecido em 2006), José Carlos, de 36 anos, ressalta a importância da tradição transmitida por seu pai. Mas também as dificuldades de se levar adiante a arte que começou a aprender com ele ainda criança.
Como o próprio Mestre Zezito, José Carlos nasceu e foi criado na cidade de Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará. Começou a trabalhar muito cedo (aos oito anos de idade), e não teve oportunidade de seguir com o ensino fundamental. Mas logo resolveu trocar os ofícios de pintor de paredes, pedreiro, eletricista e carpinteiro pelas artes circenses e pelo artesanato tradicional. Ensinado e incentivado por seu pai, passou a praticar e desenvolver, além da construção de brinquedos artesanais, números de mágica, equilíbrio em pernas de pau e em monociclo, e cenas e cantigas de palhaço, dentre outras das mais diversas atividades circenses e artesanais - algumas criadas por seu pai; todas apresentadas e transmitidas por este ao longo de seus 47 anos de carreira. Além disso, acompanhou de perto o palhaço Pilombeta (Mestre Zezito) para, mais tarde, criar e dar vida ao palhaço Mangaba.
Como muitos de seus 42 irmãos (alguns também filhos do Mestre Zezito com Francisca do Nascimento), José Carlos foi levado ao ambiente circense ainda cedo (desde os três anos). Ele afirma que apenas ele próprio e o já falecido Rafael (um irmão mais novo) escolheram seguir os passos do pai. Outros irmãos não teriam seguido por diversos motivos, como a falta de interesse pelo circo e possibilidades de maior retorno financeiro em outros ofícios. Mas José Carlos afirma que a principal causa foi a falta de vocação: “é vocação mesmo; não têm vocação para o circo. Alguns queriam, inclusive, mas chegava na hora do espetáculo não entravam nem em cena. Ficavam com vergonha”.
Longe de se arrepender da escolha que fez, ele diz não trocar os ofícios circenses e artesanais pelos antigos ofícios, mesmo considerando que sua renda seria maior: “é uma escolha que eu faria de qualquer forma. Se eu estivesse hoje trabalhando de pintor, meu dinheiro seria muito maior. Ganharia mais ou menos R$ 5 mil por mês. Sempre gostei do circo. Não tenho vocação para outra coisa. Só para o circo mesmo”. E complementa: “daria para trocar de carro todo ano”.
José Carlos reitera que gosta do que faz. Ele garante: “a gente trabalha brincando, divertindo crianças de cinco a 105 anos”. Seja nas apresentações da Companhia de Circo Boa Vontade (a companhia se apresenta em diversos locais, como no Parque da Cidade, em Brasília, ou em praças públicas, em municípios do Distrito Federal e no interior de Goiás), seja nos treinamentos para andar em pernas de pau e nas oficinas de construção de brinquedos (oferecidos quase sempre para público infanto-juvenil).
Por outro lado, ele se queixa de oportunistas, da falta de reconhecimento e respeito, e dos conseqüentes cachês reduzidos e baixas remunerações por oficinas e por treinamentos. Segundo José Carlos, das propostas de trabalho que recebe, muitas oferecem valores abaixo da faixa que vai de R$ 400 a R$ 1 mil (margem que considera razoável para cachês e remunerações), e não prevêem custos com alimentação e transporte. Ele também afirma que muitos contratantes atrasam os pagamentos (alguns sequer “dão satisfação”). E reclama, ainda, da falta de reconhecimento, principalmente em referência a oportunistas que, segundo ele, foram aprendizes de seu pai ou conhecem sua obra, mas não atribuem autoria ou importância ao mestre.
As grandes dificuldades de José Carlos e da Companhia de Circo Boa Vontade mostram problemas e controvérsias enfrentados por muitos artistas, e empecilhos para que a arte se torne efetivo meio de vida e de inclusão social. Aluízio Augusto Carvalho também foi aprendiz do Mestre Zezito, embora não seja seu filho (segundo Aluízio, não era necessário ser da família para ser um dos muitos aprendizes do mestre). Além de integrar a Companhia de Circo Boa Vontade, ele exerce atividades circenses por conta própria (dando vida ao palhaço Ximbica e em outros ofícios). Aos 33 anos, com 12 de carreira, Aluízio confirma os problemas e as dificuldades mencionados por José Carlos. E vai além: “eu acredito que a grande dificuldade, hoje, seja as pessoas confundirem arte com mercado. A classe média se apropria de um discurso, mas a maioria das pessoas não tem a vivência, e coloca como se fosse um produto. E mais do que um produto, um espetáculo, uma ‘brincadeira’ ou um brinquedo que é feito, por exemplo, é a expressão daquele artista. Essa visão é que as pessoas perderam e, hoje em dia, não dão o valor devido”.
Aluízio, José Carlos e outros integrantes da companhia reúnem características de artistas e artesãos pouco comuns nos dias atuais, buscando levar adiante não só a tradição artística do circo, mas também a tradição da arte em família, transmitida através de gerações, com o objetivo de perpetuar e fazer reconhecer, inclusive, o nome e a obra do Mestre Zezito.
Luan, de cinco anos, é o filho mais novo de Aluízio. Ele já anda em pernas de pau e ‘brinca’ caracterizado como o palhaço Curumim.
“O Luan tem grandes possibilidades de ser um grande artista, porque ele está começando muito cedo, ao contrário de mim. Quando ele está comigo, ele me pede para ‘brincar’, já me pediu outro par de pernas de pau... Mas como opção profissional, só mesmo o tempo vai dizer”, avalia Aluízio.
Francicarla, Franciele e Francilaine (17, 11 e dez anos, respectivamente) são filhas de José Carlos e já se apresentam com a companhia. Além delas, José Carlos possui mais dois filhos. Ele percebe e compreende que nem todos seguirão seus passos, seja por falta de interesse, seja por falta de vocação. Alguns já se inclinam para outros caminhos, inclusive com a oportunidade de seguir exclusivamente com os estudos regulares e outra profissão.
Por outro lado, José Carlos cita o exemplo de Franciele. Segundo ele, além de Franciele gostar muito do circo, ela tem muito talento: “acho que ela decide ficar no circo, porque o que aquela menina já faz… ela está com 11 anos, e o que ela faz eu com 11 anos não fazia. É a única mesmo que eu acho que não vai querer outra coisa, a não ser a vida do circo”.
Mestre Zezito e parte da família foram para Águas Lindas de Goiás em 1992. Hoje, José Carlos, sua família e a Companhia de Circo Boa Vontade estão alocados no Ninho dos Artistas, um local de encontros e produções artísticas do município.